Alongamento de Isquiotibiais, Adutores e Glúteos no Ganho de Amplitude de Movimento do Ombro

Através desse estudo será provado que os músculos quando alongados, podem oferecer um ganho de amplitude de movimento na articulação do ombro.

Músculos que realizam a retroversão da pelve: Reto do abdome e oblíquos externo e interno, glúteo máximo, glúteo médio, semitendinoso, semimembranoso e adutor magno.

Efeitos da retroversão da pelve: A pelve inclina-se para trás, as articulações do quadril se estendem e a coluna lombar se retifica, levando a uma postura de dorso plano, que pode resultar de um encurtamento dos músculos isquiotibiais.


2. CONCEITOS:

Mobilidade

O termo mobilidade pode ser descrito como a habilidade das estruturas ou segmentos do corpo de se moverem ou serem movidos, permitindo que haja amplitude de movimento para atividades funcionais.

Como está relacionada a arco de movimento funcional, a mobilidade está associada à integridade articular e a flexibilidade que são necessárias para que os movimentos do corpo ocorram sem dor e sem restrições durante tarefas funcionais da vida diária.

Qualquer fator que limite a mobilidade, ou seja, que cause diminuição na extensibilidade dos tecidos moles, pode também comprometer o desemprenho muscular.

A hipomobilidade (mobilidade restrita) causada pelo encurtamento adaptativo dos tecidos moles pode ocorrer como resultado de vários distúrbios ou situações.

Flexibilidade

É a capacidade de mover uma única articulação ou uma série de articulações de modo suave e com facilidade, ao longo de um arco de movimento sem restrições e indolor. Está relacionada com a extensibilidade das unidades musculotendíneas que atravessam uma articulação, com base em sua habilidade de relaxar e ceder a uma força de alongamento.

Contratura e encurtamento

Contratura é definida como encurtamento adaptativo da unidade musculotendínea e outros tecidos moles que cruzam ou cercam uma articulação e resulta em resistência significativa ao alongamento passivo ou ativo e na limitação do arco de movimento, podendo comprometer as habilidades funcionais.


3. ANATOMIA:

Músculos envolvidos nesse estudo:

Grande dorsal

Origem: Processos espinhosos de T6 a T12, crista ilíaca e 3 a 4 costelas inferiores.
Inserção: Assoalho do sulco intertubercular do úmero.

Atividade funcional do grande dorsal.

É um músculo que tem como função extensão, adução e rotação medial do úmero. Além disso, levanta o corpo durante a escalada.

O grande dorsal é capaz de puxar o tronco para frente em relação aos braços, associado com isso, há um levantamento da pelve.

Adutor Magno

Origem: Ramo inferior do púbis, ramo e tuberosidade do ísquio.
Inserção: Lábio Medial da linha áspera, tuberosidade e tubérculo dos adutores.

Atividade funcional do adutor magno

O músculo adutor magno realiza adução, rotação lateral, flexão (parte mais anterior) e extensão (parte mais posterior).

Glúteo máximo

Origem: Face posterior da asa do ílio, face posterior do sacro, aponeurose toracolombar, ligamento sacrotuberal.
Inserção: Tíbia abaixo do côndilo lateral. Entre o trocanter maior e o trato iliotibial fica abolsa trocantérica do músculo glúteo máximo – Porção mais cranial.
Tuberosidade glútea, septo intermuscular lateral da coxa – Porção mais caudal.

Atividade Funcional do Glúteo máximo
O glúteo máximo tem como função extensão, rotação lateral e abdução do quadril na porção mais cranial e extensão, rotação lateral e adução do quadril na porção mais caudal. Também realiza extensão de joelho.

Glúteo médio

Origem: Face glútea da asa do ílio (entre a linha glútea anterior e posterior)
Inserção: Trocanter maior (ponta e margem mais lateral)

Atividade funcional do glúteo médio
O glúteo médio realiza abdução, flexão e rotação medial do quadril na porção mais ventral e abdução, extensão e rotação lateral do quadril na parte mais dorsal.

Semitendinoso

Origem: Túber isquiático (unido à cabeça longa do músculo bíceps da coxa)
Inserção: Tuberosidade da tíbia (Face medial)

Atividade funcional do semitendinoso
O semitendinoso realiza extensão, adução e rotação medial do quadril e flexão e rotação medial do joelho.

Semimembranoso

Origem: Túber isquiático
Inserção: Extremidade proximal da tíbia ( abaixo do côndilo medial ), parte inferior da cápsula do joelho, ligamento poplíteo oblíquo, fáscia do músculo poplíteo.

Atividade funcional do semimembranoso
O semimembranoso realiza extensão, adução e rotação medial do quadril e flexão e rotação medial do joelho.

4. Métodos:

O método de trabalho será realizado em alongamentos.

Resposta ao alongamento:

Quando um músculo é alongado e aumenta de comprimento, a força de alongamento é transmitida para as fibras musculares por meio do tecido conjuntivo para dentro e ao redor das fibras.

Velocidade do alongamento

Para assegurar o máximo relaxamento muscular, a velocidade do alongamento deve ser lenta. A força do alongamento deve ser aplicada e liberada gradualmente. O alongamento lento afeta as propriedades viscoelásticas do tecido conjuntivo, tornando-o mais complacente.

Frequência do alongamento

A frequência recomendada para o alongamento baseia-se na causa subjacente ao comprometimento da mobilidade e na gravidade da contratura.

Modo de alongamento

É essencial que o músculo encurtado permaneça relaxado e que os tecidos conjuntivos restritos cedam o mais facilmente possível ao alongamento.

Intensidade do alongamento

É determinada pela carga colocada sobre o tecido mole para alongá-lo. Há um consenso geral entre clínico e pesquisadores de que o alongamento deve ser aplicado com baixa intensidade por meio de uma carga leve.

O alongamento de baixa intensidade torna a manobra mais confortável para o paciente e minimiza a defesa muscular voluntária ou involuntária, já que o paciente pode permanecer relaxado ou auxiliar na manobra de alongamento. O alongamento de baixa intensidade resulta em ótimas taxas de melhora no arco de movimento sem expor os tecidos, possivelmente enfraquecidos a cargas excessivas e lesão potencial. Tem sido mostrado também que o alongamento de baixa intensidade alonga o tecido conjuntivo denso, um componente significativo das contraturas crônicas, mais efetivamente, com menos danos aos tecidos moles e menos dor muscular pós-exercício do que o alongamento de alta intensidade.

Duração do alongamento

Refere-se ao período durante o qual uma força de alongamento é aplicada mantendo os tecidos encurtados na posição alongada. Inúmeras combinações têm sido estudadas.

Cipriani et al. afirmou que 2 repetições de 30 segundos de alongamentos dos músculos isquiotibias eram igualmente efetivas quando comparadas com 6 repetições de alongamentos de 10 segundos.

Madding et al. afirmou que a duração do alongamento de adutores mais favorável ao ganho de extensibilidade é de 15 segundos. O estudo contava com três grupos (15 segundos, 45 segundos e 2 minutos). Após o experimento todos apresentavam ganho de arco de movimento. O alongamento de 15 segundos apresentou ganho semelhante ao de 2 minutos e maior que o de 45 segundos. Indicando que o alongamento de 15 segundos é o mais indicado para adutores.

Madding et al. também afirmou que a duração do alongamento de glúteo máximo e glúteo médio mais favorável ao ganho de extensibilidade é de 20 segundos.

Apesar de numerosos estudos, ainda falta um consenso sobre a combinação “ideal” de um ciclo único e o número de repetições de alongamento que devem ser aplicadas em um programa diário para obter ganhos maiores e mais sustentáveis no arco de movimento. A duração do alongamento precisa ser colocada no contexto de outros parâmetros, como intensidade, frequência e modo de alongamento.

Nesse estudo usamos a afirmação de Cipriani et al. para alongamentos de isquiotibiais. Realizamos duas repetições de 30 segundos nos músculos isquiotibiais. Usamos também a afirmação de Madding et al. para alongamento de adutores. Realizamos uma repetição de 15 segundos nos adutores. E também a afirmação de Madding é usada para alongamentos de glúteos máximos e médios. Realizamos uma repetição de 20 segundos nos glúteos máximo e médio.

5. RESULTADOS:

Foram realizados testes em 40 pacientes de ambos os sexos e com diferentes faixas etárias com arco de movimento incompleto para flexão e abdução de ombro num período de 01 semana numa clínica da Zona Norte do Rio de Janeiro.

Desses 40 pacientes, todos ganharam arco de movimento após o alongamento dos músculos em questão.
Os alongamentos foram realizados de acordo com a afirmação supracitada, ou seja: 02 repetições de 30 segundos nos isquiotibiais, 01 repetição de 15 segundos para os adutores e 01 repetição de 20 segundos para os glúteos máximo e médio.

Os ganhos variaram de 10° a 60° de flexão e 15° a 60° de abdução.
Esses mesmos pacientes na semana seguinte, sem serem alongados, não apresentaram ganho dos movimentos pelo encurtamento da musculatura estudada.

O procedimento aplicado nos pacientes foi somente o alongamento dos músculos em questão. Após a medição dos ganhos, foi aplicado o recurso fisioterapêutico adequado para cada tipo de caso.

6. CONCLUSÃO:

Em uma análise cinesiológica vamos perceber que a tensão gerada sobre o grande dorsal, que é um músculo rotador medial vai interferir na rotação lateral que o úmero realiza próximo dos 90 graus de abdução para que o arco de movimento seja pleno. Essa tensão pode ser ocasionada por um encurtamento isolado do grande dorsal ou um encurtamento de um músculo retroversor da pelve, já que o grande dorsal é um antagonista para esse movimento (anteversor). Temos tensões que são ofensivas e tensões que são defensivas. No caso da pelve em retroversão, o grande dorsal passa a trabalhar como tensão defensiva e para não ficar em uma situação de “sofrimento excêntrico”, traciona sua outra inserção, que fica no úmero e tende a posicioná-lo em rotação medial (sulco delto-peitoral mais pronunciado e epicôndilos do úmero rodados medialmente são alguns indícios do úmero em rotação medial). Essa situação vai interferir na rotação lateral necessária próximo dos 90 graus de abdução para que se possa completar o arco de movimento.

Referências bibliográficas

PINI,M.C.Fisiologia esportiva, 2° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1983

PINTO,S.S & Castillo, A.A. Lesão muscular: Fisiopatologia e tratamento. Revista Fisioterapia em movimento, Volume 12, número 12, páginas 23-26, 1998

Palastanga, Nigel et al. Anatomia e movimento humano: Estrutura e funcionamento. Ed. Paidatralo, 3° ed., 1999

MYERS. Thomas W. Trilhos Anatômicos – Meridianos Miofasciais. Ed. Manole, 3° ed., 2003

SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. Ed. Guanabara Koogan, 22° ed. 2006

Trabalho realizado por:

Paulo Henrique Delgado da Cunha.

Fonte: http://www.fisioweb.com.br/portal/artigos/categorias/50-art-variedades/1139-alongamento-de-isquiotibiais-adutores-e-gluteos-no-ganho-de-amplitude-de-movimento-do-ombro.html
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