Tratamento de lombalgia
O tratamento das lombalgias ou lombociatalgias mecânicas deve visar ao alívio do quadro doloroso, às medidas necessárias para evitar a recidiva, cada vez mais frequente e mais dolorosa, e às alterações anatômicas que em consequência vão surgindo e se agravando (FAZZI; TOLEDO, 1984). Na síndrome lombar aguda inclui-se repouso por dois dias, sendo efetivo e representativo de uma perda da atividade laborativa 45% menor do que o tradicional que afasta o paciente por sete dias. Ainda são utilizadas medidas como a fisioterapia (calor, massagem, manipulação, o uso de cintos e coletes, o programa de atividade física, a tração no leito, a crioterapia, eletroterapia e a acupuntura), o repouso, a prescrição de analgésicos e
Lombalgia: revisão de conceitos e métodos de tratamentos antiinflamatórios (NEGRELLI, 2001; TELOKEN; ZYLBERSTEJN, 1994). Na fase pós-aguda, em que a dor já e mais suportável, permitindo melhor mobilização, intensificam-se as medidas fisioterápicas com calor e exercícios de alongamento e gradual reforço muscular. Essas medidas terapêuticas funcionam como um auxílio para o relaxamento da musculatura lombar e ajudam também na redução do limiar de dor, sendo o seu principal objetivo na profilaxia de novos episódios, além de serem aplicados programas de reabilitação e reeducação da postura de forma individualizada (HENNEMANN; SCHUMACHER, 1994; TELOKEN; ZYLBERSTEJN, 1994).
Evidencia-se que o efeito da fisioterapia na melhora da dor lombar crônica é observado em vários estudos. Verificou-se que 54 pacientes com dor lombar crônica que realizaram os exercícios orientados (como alongamento, aeróbica de baixo impacto, caminhar, bicicleta ergométrica, natação) evidenciaram um decréscimo das dores lombares subagudas ou crônicas, melhora da disfunção física e psicológica, além da prevenção da recorrência, por meio de cursos de coluna e orientações específicas de mudança de comportamento, principalmente quando realizados no próprio local de trabalho (MACEDO et al., 2005; TREVISANI; ATALLAH, 2003).
Silva e Ananias (2004) utilizaram, no tratamento, alongamentos da musculatura lombar (quadrado lombar, extensores do tronco) e da musculatura de membros inferiores (tensor da fáscia lata, glúteo máximo, piriforme, iliopsoas, adutores, quadríceps, isquiotibiais, tríceps sural), divididos em alongamentos passivos e alongamento ativo. O programa de alongamento foi realizado com uma duração de 20 segundos permanecidos sob estiramento durante três séries para cada músculo citado anteriormente. Silva e Ananias (2004), Costa et al. (2006), e Oliveira et al. (2006), consideram que o ultrassom, sendo caracterizado por ondas ultrassônicas de alta frequência que causam vibrações e colisões moleculares de modo a aumentarem a atividade molecular , quando utilizado nesse estudo, exerce um efeito térmico sobre as células e tecidos moles nos quais uma parte dele é absorvida e isto conduz a geração de calor dentro do tecido de modo que a temperatura muscular deverá ser elevada a um mínimo 3 a 4 graus Celsius durante um mínimo de 5 minutos, para que haja o aumento na capacidade de deformação tecidual. Esse aquecimento controlado pode produzir efeitos desejáveis como: alívio da dor, diminuição da rigidez articular e aumento do fluxo sanguíneo. A quantidade de absorção (tecidos com elevados conteúdos protéicos absorvem mais do que conteúdo de gordura) depende da natureza do tecido, seu grau de vascularização e da frequência do ultrassom.
De acordo com autores citados, foram utilizados dois métodos, com os quais foram investigados os efeitos do ultrassom pulsado, 1 MHZ, intensidade média de 0.8 w/cm² no estágio agudo de lesão muscular tardia, não obtendo nenhuma evidência convincente. Entretanto, ao utilizar o ultrassom contínuo, 1 MHZ, intensidade média de 0.8 w/cm² no estágio agudo de lesão muscular tardia, evidenciou-se resultados benéficos e significantes para tal modalidade. Contudo, Chou et al. (2007) considera que o tratamento para lombalgia crônica inclui acupuntura (que consiste na inserção de agulhas em pontos específicos), cinesioterapia (um programa de exercício formal supervisionado ou regime de exercício em casa, que vai desde programas de condicionamento físico geral ou exercício aeróbio de programas que visem o reforço muscular, flexibilidade, alongamento, ou diferentes combinações desses elementos), massagem terapêutica, terapia cognitivo-comportamental ou relaxamento progressivo (uma técnica que envolve o estiramento e relaxamento dos músculos de modo que haja a liberação da tensão muscular), manipulação espinhal (terapia manual em que as cargas são aplicadas à coluna por meio de curtos ou longos métodos de alavancas e eixos de alta velocidade, para que dessa maneira produza um alívio das pressões vertebrais e corrija de certa forma, a curvatura lombar que está em excesso), a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), que utiliza uma pequena bateria operada pelo dispositivo para fornecer através de impulsos elétricos contínuos na superfície dos elétrodos, com o objetivo de proporcionar alívio sintomático, alterando a percepção da dor, em outras palavras, analgesia e a tracção (uma intervenção que envolve uma mobilização da articulação de modo a estirar ou puxar a fim de esticar a coluna lombar).
Dessa maneira, consegue-se produzir um relaxamento muscular. Gaskell et al. (2007) afirmam que a inclusão de educação e aconselhamento sobre anatomia e doença espinhal, dor, exercício físico, postura, elevação e movimentação, estratégias de autoajuda e técnicas relaxamento são meios para que os pacientes possam se ajustar à percepção da sua dor e à sua limitação, visto que a atividade e/ou educação física, princípios e cognitivas comportamentais poderiam ter conduzido a um aumento da sensação de controle e de confiança para gerir à sua condição uma melhor compreensão dela, e/ou expectativas mais realistas de suas habilidades, enquanto isso, Lewis et
al. (2008) trazem referências da utilização de exercícios para aliviar as algias e correção da curvatura da lombar, mediante um programa funcional com sessões de 1-2 vezes por semana, tendo a duração de 1-2 horas por um período de 8-10 semanas e abordando o fortalecimento, a coordenação e exercícios aeróbicos, ergonômicos e aconselhamento de exercícios em casa , bem como, componentes educacionais como palestras, vídeos e programa de exercícios específicos de alongamento e relaxamento.
Ainda que focalizados nos músculos do abdômen transverso, multifidos, assoalho pélvico e diafragma em posições com baixa carga e evoluindo conforme o caso, os
autores concluem que os exercícios ativos foram valiosa abordagem terapêutica, apesar da falta de consenso sobre a melhor técnica e a intensidade para essa intervenção. Os programas utilizados no restabelecimento funcional foi uma abordagem cognitiva comportamental cuja razão é normalizar os padrões de comportamento e dar às pessoas a confiança para vencerem o medo do movimento decorrente da dor.
Em outra pesquisa, o fisioterapeuta instruiu os pacientes sobre os exercícios, que visam melhorar a função de abdominais, costas, extensores, músculos dos membros inferiores e superiores e estabelecer uma ótima função da coluna vertebral. Os programas foram realizados em casa, sem equipamento adicional, com 10 minutos de aquecimento Os exercícios foram realizados em três a quatro séries de 15-20 repetições. Houve evidência que o exercício obteve um efeito sobre o músculo, força e flexibilidade em lombalgia. Os três meses do programa de exercício em casa causaram perceptíveis efeitos físicos positivos, pelo menos por um ano, sobre a dinâmica da força muscular nos extensores, flexores e nos membros inferiores, bem como sobre a coluna vertebral. A mudança positiva da resistência pode ser uma importante condição para a continuação apropriada (de acordo com a modalidade do exercício e da repetição) da atividade física, bem como uma condição prévia para lidar com a dor (KUUKKANEN et al., 2007).
Fonte
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