Testes para articulação sacro-ilíaca


Apesar de sua relevância as articulações sacro-ilíacas são pouco consideradas na avaliação clínica (MORAES; MARINI; LACOURT, 2004).

Para avaliar clinicamente a articulação sacro-ilíaca, vários testes são utilizados. Os testes podem ser divididos em dois grupos: provocativos e de mobilidade (VAN DER WURFF; MEYNE; HAGMEIJER, 2000). Os testes provocativos são manobras que provocam tensão na articulação sacro-ilíaca e, conseqüentemente, provocam dor. Os testes de Patrick e Ganslen são exemplos bem conhecidos cuja descrição pode ser encontrada em praticamente todos os manuais de exame físico. Os testes de mobilidade se baseiam nas alterações de uma referência que podem surgir em movimentos padronizados (RIBEIRO; SCHMIDT; VAN DER WURFF, 2003).

As evidências atuais mostram que a avaliação clínica é a melhor maneira de julgar a presença ou ausência de mobilidade nas articulações sacro-ilíacas e a sua relação com as queixas do paciente (LEE, 2001).

Ao realizar avaliação objetiva das articulações sacro-ilíacas, o examinador procura sinais de assimetria à alteração da amplitude de movimento, diagnosticadas por meio de palpação óssea e testes clínicos específicos (GREENMAN, 2001).

Teste de flexão em pé (TFP) -> o paciente fica em pé com o peso do corpo distribuído igualmente nos dois membros inferiores. Com os polegares, o avaliador palpa a face inferior das espinhas ilíacas póstero superiores (EIPS). O paciente é instruído a flexionar o tronco para frente. A EIPS que se mover cranialmente em relação à EIPS contra-lateral indica o ilíaco que está em lesão (LEE, 2001).

Teste de Gillet -> paciente em pé, com o peso distribuído uniformemente nos dois membros inferiores. O terapeuta palpa a face inferior da EIPS com um polegar e, com o outro, a base do sacro diretamente paralela. O paciente é instruído a flexionar o quadril ipsilateral e, um deslocamento inferior e medial da EIPS em relação ao sacro é observado. Caso não ocorrer, indica lesão anterior ilíaca. Após, o paciente realiza a extensão do quadril ipsilateral e um deslocamento superior da EIPS em relação ao sacro deve ocorrer. Caso não ocorrer, indica lesão posterior ilíaca (LEE, 2001; VAN DER WURFF; MEYNE; HAGMEIJER, 2000).

Teste de Dowing -> em decúbito dorsal,é realizado para verificar se a lesão do ilíaco que fora observado no TFP é em anterioridade ou posterioridade. Com o membro inferior do lado correspondente a lesão deve ser realizada uma rotação externa forçada do quadril, posição que deve ser fixada por alguns segundos, acompanhada de abdução. Ao retornar a posição de extensão o membro deve estar mais longo que o membro contra-lateral, devido a uma rotação anterior do ílio (isto pode ser observado pelo alinhamento dos maléolos mediais do tornozelo, ou por traços previamente riscados sobre a pele do paciente). Caso isto não ocorra, é indicativo de um ilíaco preso em posterioridade. Para identificar um ilíaco preso em anterioridade, é realizada uma rotação interna do quadril forçada, posição que é mantida por alguns segundos. Quando o membro correspondente é posicionado em extensão, o mesmo deve encontrar-se mais curto, significando uma rotação posterior do ílio. O teste é considerado positivo para ilíaco em anterioridade quando isto não acontece (BIENFAIT, 2000; WALKER, 1992; VAN DER WURFF; MEYNE; HAGMEIJER, 2000).

Teste de flexão sentado: o paciente será posicionado sentado sobre um banco com os joelhos afastados e os pés bem apoiados no chão. Com os polegares, o avaliador palpará a curva inferior de cada EIPS. O paciente será instruído a curvar-se o máximo para frente com os braços entre os joelhos. A espinha ilíaca que mais se afastar na direção cefálica durante o movimento será considerada positiva, indicando restrição da mobilidade (GREENMAN, 2001).

Palpação das espinhas ilíacas antero superiores -> realizada em decúbito dorsal, somente o ílio do lado da lesão será avaliado em relação ao outro. Esta palpação identifica a existência de rotação anterior ou posterior de um dos ilíacos. Quando a espinha ilíaca está situada em uma posição mais caudal, significa um ílio anterior, quando se encontra mais cefálica, é porque existe um ílio posterior (BIENFAIT, 2000).

Palpação dos maléolos mediais: em decúbito dorsal. Tem como objetivo detectar discrepância no comprimento dos membros inferiores. Um membro mais comprido do lado da lesão, indica um ílio anterior. Um membro mais curto do lado afetado, indica um ílio em posterioridade (BIENFAIT, 2000).

Palpação da espinha ilíaca póstero superior (EIPS) -> realizado em decúbito ventral para identificar a anterioridade e posterioridade do ílio envolvido na lesão. Quando a EIPS do lado afetado encontra-se em uma posição cefálica é indicativo de um ilíaco anterior e, quando se encontra em posição caudal, indica ílio posterior (BIENFAIT, 2000).

Cibulka e Koldehoff (1999) usaram uma combinação de testes de movimento e simetria para determinar se o paciente possuía disfunção na região sacro-ilíaca e demonstrou alta concordância para o método que eles desenvolveram. Eles determinaram que a disfunção na articulação sacro-ilíaca estava presente no paciente em que 3 dos 4 testes realizados fossem positivos: Teste de flexão em pé, teste de flexão do joelho em decúbito ventral, teste de Dowing e palpação da EIPS na posição sentada. Dois terapeutas avaliaram 26 pacientes com dor lombar inespecífica. A concordância interteste entre os terapeutas para determinar a presença de três testes positivos foi alta, concluindo que este conjunto de testes possui utilidade clínica para determinar quem tem e quem não tem disfunção sacro-ilíaca em pacientes com dor lombar. No entanto, a utilidade clínica destes testes não foi determinada para pacientes com dor originada do disco intervertebral. Outra limitação deste estudo foi que eles não determinaram o tipo de assimetria presente.

Riddle e Freburger (2002) realizaram os mesmos quatro testes feitos por Cibulka e Koldehoff (1999), porém em um grupo maior de pacientes e maior número de avaliadores, observando a concordância e discordância entre terapeutas sobre o lado (direito e esquerdo) e o tipo (rotação anterior ou posterior do ilíaco) da disfunção. Foi considerada também a presença de disfunção sacro-ilíaca se três dos quatro testes realizados foram positivos.
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