Doenças ortopédicas congênitas
Neste trabalho, abordaremos as principais características das doenças congênitas, ou seja, as doenças que afetam os recém-nascidos. Explicaremos as diversas patologias ortopédicas que acometem as crianças e suas formas de tratamento relacionados as mesmas.
Leia:
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Ginastica laboral e a sua atuação
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Espondilose Lombar
São elas:
• Pé torto eqüinovaro congênito;
• Pé plano / pé chato;
• Escoliose congênita;
• Joelho varo;
• Joelho valgo ou geno valgum;
• Torcicolo muscular congênito;
• Luxação congênita do quadril;
• Coxa valga;
• Coxa vara;
• Pé escavado ou pé cavo;
Temos o objetivo: descrever a incidência de cada patologia, suas etiologias, o tratamento clínico, tratamento fisioterápico, testes específicos para o pé plano ou pé chato, seus objetivos de tratamento e os tipos de órteses mais adequados a essa deformidade.
Portanto, abordaremos estes assuntos mais detalhadamente.
Pé torto eqüinovaro congênito
O pé torto eqüinovaro congênito é uma patologia complexa CUJB etiologia não foi ainda totalmente elucidada.
É a deformidade mais freqüente que envolve as articulações do tornozelo, subtalar e mesotársica. O pé apresenta-se com flexão plantar adução e inversão. Anatomicamente, o defeito primário é a subluxação medial e plantar do complexo articular talocalcâneo-navículo-cuboídeo que ocorre durante o desenvolvimento embrionário. Podendo ser unilateral ou bilateral.
Incidência
A incidência do pé torto congênito é de 2,17 casos para cada 1.000 nascidos vivos.
Etiologia
A etiologia do pé torto congênito ainda não foi descoberta. A grande variabilidade dessa anomalia no que se refere ao grau de deformidade, resistência ao tratamento clínico, presença de outras malformações associadas, acúmulo familiar e consangüinidade entre os pais nos conduzem a aceitar uma etiologia multifatorial.
Várias teorias surgiram com relação a etiologia, tais como:
- Teoria esquelética: o defeito primário estaria na deformidade dos ossos do retropé, principalmente o tálus;
- Teoria muscular: pesquisas com microscopia eletrônica revelaram alterações importantes nas fibras musculares dos pacientes portadores de pé torto congênito;
- Teoria neurológica: alterações primárias nos nervos periféricos seriam responsáveis pela ocorrência das deformidades;
- Teoria vascular: as anomalias arteriais em fetos e embriões seriam responsáveis por uma "crise vascular", determinando uma área de necrose na região no nó de Henry;
- Teoria da "parada do desenvolvimento: o pé permaneceria em seu estado embrionário desde o terceiro mês de gestação.
Todas essas teorias tentaram explicar o aparecimento do pé torto congênito, entretanto nenhuma delas conseguiu explicar todos os casos. Portanto, mais uma vez aceitamos que a etiologia do pé torto seja multifuncional.
O pé torto pode aparecer como deformidade isolada ou acompanhado de outras malformações. E podemos dividi-lo em quatro grupos:
- Idiopático: Ocorre como deformidade isolada sem qualquer acometimento de outras estruturas músculo-esqueléticas. Pode ser uni ou bilateral.
- Teratológico: deformidade associada a alterações neuromusculares.
Geralmente bilateral.
- Sindrômico: quando faz parte de uma síndrome bem definida, por exemplo: Freeman-Sheldon, Down, Picre-Robin, Larsen etc. Geralmente bilateral.
- Postura!: é o "falso pé torto", ou seja, o pé apresenta-se na posição de eqüinovaro, porém é redutível e não apresenta as deformidades estruturais clássicas. Pode ser uni ou bilateral.
Tratamento clínico
Se for diagnosticado precocemente, o tratamento pode ser conservador. Neste caso realiza-se o estiramento passivo gradual, corrigindo-se o pé lentamente para a posição correia e a seguir, se possível, o pé é levado para a posição abduzida e evertida. Essas posições podem ser mantidas em talas de metal ou com aparelho gessado. Acredita-se que esta conduta apresenta as seguintes vantagens:
- O joelho em flexão relaxa o músculo tríceps sural e facilita a correção do eqüinismo;
- Facilita a confecção do gesso quando é realizada no sentido proximal para distal: fixando-se o joelho, podemos trabalhar melhor o pé;
- Evita que o gesso saia em casa, principalmente quando a adução está corrigida.
Quando se usa o aparelho gessado, ele é mantido por aproximadamente 3 meses (no início ele é trocado semanalmente e, depois, a cada 2 ou 3 semanas). Este aparelho mantém o quadril e o joelho fletido em um ângulo de 90° .
Tratamento Fisioterápico
Após o nascimento, quando a condição é leve e o pé está relativamente móvel, pode-se realizar o alongamento passivo. É muito importante, fixar a extremidade da tíbia e manter o joelho fletido durante os alongamentos para evitar danos nas epífises (lateral, distai e fibular) e na articulação do joelho.
Quando se usa a bandagem adesiva, para manter a posição correia, e será aplicada pelo fisioterapeuta e deve ser trocada de 2 a 3 vezes por semana. Também devemos ter cuidado com a circulação, para evitarmos feridas.
Se a deformidade não puder ser corrigida conservadoramente, será necessária a cirurgia. No pós-cirúrgico o membro será mantido com gesso por 2 ou 3 meses. Após a retirada do gesso, deve-se realizar movimentos passivo e ativos de abdução e eversão e fortalecimento de dorsiflexores e eversores.
Caso a criança já ande, devemos ensinar bom padrão de marcha, e caso ela ainda não ande, devemos observá-los quando começar a andar.
Pé plano / Pé chato
O pé plano, vulgarmente chamado de pé chato é uma deformidade que provoca um enorme desperdício de energia, que mais cedo ou mais tarde cobrará seu preço.
Até os três anos, o pé da criança tem um grau maior de mobilidade que o pé do adulto, devido à maior elasticidade ligamentar peculiar do início da vida. Este fato, aliado ao alargamento da base de sustentação da criança no início da marcha, facilita a queda do calcâneo em valgo, fazendo com que o arco longitudinal desapareça.
O músculo tibial posterior, é o principal responsável por esta condição, e ele já está fraco por falta de uso até o momento, fica com sua força mais diminuída ainda, devido ao desvio sofrido por sua inserção. As funções de sustentar o arco desaparecem.
A clínica pode refletir um cansaço mais fácil aos esforços, uma dor na face medial e posterior da perna ou mesmo a falência total dos pés numa certa época da vida. Eles ficam rígidos, dolorosos e sem capacidade de exercer sua função primordial que é a marcha.
Outra situação dúbia é a queda fácil e freqüente. O equilíbrio depende da maturidade do indivíduo, e nele participam visão, audição, coordenação motora, orientação espacial, esquema corporal e outros fatores de difícil "mensuração". Não é fácil, por isso, quantificarmos o papel do pé plano nessa condição.
O diagnóstico, portanto, é essencialmente baseado nos achados do exame físico. Os pés devem ser inspecionados com o paciente andando normalmente, correndo, andando nas pontas dos pés e nos calcanhares. Podendo utilizar também o podoscópio, indispensável para examinar o pé apoiado.
Tratamento clínico
Os casos de pé chatos postural é indolor em crianças, em geral não requerem tratamento, mas é preciso aconselhar quanto ao uso do calçado adequado para que a criança mantenha os pés bem livres, andando descalça em solo irregular e limpo ou com calçados bem leves, como o tênis, dando condições para musculatura trabalhar livre e naturalmente. Nos adultos, o tratamento depende da causa e da presença de alguma anomalia estrutural. O pé chato doloroso devido a estresse ocupacional pode ser tratado pelo fisioterapeuta e pelo aconselhamento. Se o paciente for obeso, deve ser orientado no sentido da dieta. Se houver deformidade fixa, os calçados ortopédicos ou as palmilhas podem trazer alívio. Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para aliviar a dor e, se possível, restaurar a função.
Tratamento fisioterápico
Nas crianças, se o pé tiver boa mobilidade, deve-se fortalecer os músculos que sustentam o arco, principalmente o tibial anterior e posterior e flexor longo e curto dos dedos. Se as articulações estiverem rígidas, junto com o fortalecimento, realiza-se exercícios ativos do pé e tornozelo (flexão plantar, caminhar na areia, pisar em bolinhas, cabo de vassouras rolando para frente e para trás, colocar uma toalha no chão e fazer com que a criança puxe a toalha com os dedinhos). Realizar alongamentos e mobilizações passivas.
Nos adultos deve-se aliviar a dor com repouso e técnicas específicas (água morna, massoterapia, banho de contraste, tens, hidromassagem para os pés). Quando a dor diminuir, utilizar exercícios ativos e resistidos, do pé e tornozelo. Além disso, não podemos esquecer da correção geral da postura e da marcha.
Escoliose congênita
Escoliose é o termo que designa um desvio da coluna vertebral no plano frontal. É uma patologia que aparece e progride, principalmente, em pacientes em fase de crescimento, sendo, portanto, uma doença da infância e adolescência.
A maioria das curvaturas congênitas aparece e é visível ao nascimento. Entretanto, algumas anormalidades congênitas leves podem não aparecer durante o crescimento. Em geral, o uso de colete nestas curvaturas é ineficiente e, se houver progresso da curva, será necessária à cirurgia.
Tratamento clínico-conservador
Se a curva for leve (menor que 20 graus), será adequada uma consulta clínica anual para radiografia e fotografias clínicas.
Quando a curva for de etiologia apropriada e não grave o suficiente para a cirurgia, o tratamento com colete será o de escolha. O uso do colete também pode ser indicado para segurar a coluna de uma criança até que esta atinja a idade adequada para cirurgia. O tratamento é feito com colete de Milwaukee, combinado com exercícios específicos. Em muitos casos, o colete deve ser usado por um período de 23 horas por dia, sendo retirado apenas para o banho.
As principais indicações para a cirurgia são as seguintes: compressão medular, progressão da curva, dor intensa, dificuldade respiratória e estética.
O principal procedimento cirúrgico é a fusão espinhal com ou sem instrumentação com haste de Harrington.
Tratamento fisioterápico
Primeiramente devemos retirar a dor do paciente com recursos antálgicos como: crioterapia, criomassagem, tens, calor superficial (infravermelho) ultra-som etc.
Após a retirada da dor do paciente, poderemos começar com os exercícios. Se houver rigidez articular devemos realizar exercícios ativos assistidos ou ativos livres da coluna e dos membros superiores e inferiores. Os exercícios devem ser direcionados para o sentido contrário ao da curvatura. É muito importante realizar fortalecimento muscular do tronco e dos membros. Todos os exercícios podem ser realizados com ou sem o colete. Sem esquecer devemos também reeducar a postura e a marcha.
Joelho varo
O joelho varo ou geno varum é geralmente encontrado no recém-nascido, e envolve o fêmur e a tíbia. Onde a tíbia está aduzida em relação ao fêmur. Alguns autores ressaltam que esta deformidade é de maior ocorrência entre os 14 e 36 meses de vida. O varismo fisiológico corrige-se espontaneamente nos primeiros dois ou três anos de vida, e geralmente não requer tratamento ortopédico.
O fato que mais chama a atenção dos pais é a deformidade. Queixas como dor, desequilíbrio postura! e retardo do início da marcha são pouco freqüentes havendo no entanto uma associação entre o joelho varo fisiológico e o início da deambulação.
O varismo pode ser diagnosticado através do goniómetro (aparelho utilizado para mensurar a amplitude articular dos movimentos). E é medido com a criança em posição ortostática, com os pés aduzidos entre si e em rotação neutra. O goniómetro é colocado no vértice de deformidade e seus braços devem coincidir com os eixos longitudinais do fêmur e da tíbia, com base em medidas clínicas realizadas com o goniómetro. Em 1993, foi observado que o alinhamento femoro-tibial só é alcançado aos 14 meses de idade.
Tratamento clínico
Nas deformidades mais acentuadas, o objetivo do tratamento ortopédico é mudar a distribuição das forças compressivas que de forma anormal atuam sobre a epífise medial retardando o seu crescimento. Portanto, recomenda-se o uso de calçados com cunhas laterais no solado, e para as deformidades mais graves, o uso de órteses noturna ou diurnas, bem como de gesso e cunhas sucessivas.
Tratamento fisioterápico
Inicialmente devemos usar os recursos antálgicos para retirar a dor do paciente, se ele tiver dor.
Podemos utilizar calor superficial, hidroterapia, eletroterapia, crioterapia, etc.
Após a utilização dos recursos antálgicos, podemos começar a com movimentos passivos a ativos, alongamento da musculatura adutora (medial e fortalecer a musculatura abdutora lateral).
Joelho valgo ou geno valgum
Pode ser encontrado também como joelho valgo fisiológico e geralmente ocorre em crianças na faixa etária compreendida entre dois e sete anos aproximadamente. O limite da anormalidade de valgo é de 10°, sendo tolerada normalidade mais acentuada nas meninas por apresentarem diâmetro bitrocantérico maior. A obesidade também aumenta este tipo de valgismo.
A criança com valgismo fisiológico tem um comportamento físico normal, embora o aspecto estético dos joelhos chame a atenção dos pais. Nos casos mais acentuados, a criança anda com dificuldade e se queixa de cansaço nas pernas, ocorrendo nos esforços e, principalmente, quando corre batendo um joelho no outro.
O valgismo clínico é medido com a criança na posição ortostática. O goniómetro deve ser centrado no joelho com seus braços coincidindo com os eixos longitudinais da coxa e da perna. Avalia-se o valgismo medindo a distância intermaleolar com a criança em ortostatismo e os joelhos em contato entre si. O valor do comprimento até 10cm é considerado normal.
Tratamento clínico
Nas crianças mais novas, o joelho valgo deve ser observado, pois apresenta grande probabilidade de correlação espontânea. Nos casos com angulação igual ou maior que 10cm, são indicadas botas ortopédicas com cunhas mediais. E para as deformidades maiores, o uso de tutores noturnos ou quição diurnos é recomendado, bem como gesso e cunhas. A correção deve ser progressiva e lenta.
Tratamento fisioterápico
Devemos começar o tratamento utilizando os recursos antálgicos. Logo após podemos realizar movimentos passivos a ativos, alongamento da musculatura e ligamentos da face lateral do membro inferior e fortalecimento intensivo da musculatura da face medial (adutores). Após o reequilíbrio muscular realizar a reeducação da postura e da marcha.
Torcicolo muscular congênito
O torcicolo congênito caracteriza-se por uma retração unilateral do esternocleidomastóideo que ocasionará um mau colocamento da cabeça em flexão, inclinação lateral e rotação do lado oposto à retratação, devido a má posição da cabeça pode ocorrer um desconforto ocular em virtude do desequilíbrio dos músculos extra-oculares.
Após ter eliminado o torcicolo ligado a uma má formação osteoarticular, será preciso distinguir dois tipos de torcicolo no recém-nascido:
1. O verdadeiro torcicolo muscular congênito deve-se provavelmente a um mau posicionamento uterino (compressão e isquemia muscular) onde o desvio característico da cabeça estará freqüentemente associado a uma assimetria facial e mesmo do crânio. Existirá, então, uma verdadeira distrofia do esternocleidomastóideo, e será detectada rapidamente após o nascimento. O tratamento conservador poderá ser efetuado diretamente, mas quase sempre a cirurgia será necessária.
2. O torcicolo do bebé caracteriza-se pela presença, no músculo esternocleidomastoidiano, de uma tumefação de forma ovóide a nível de 1/3 inferior. Este tumor aumentará até o segundo mês, e depois será absorvido, podendo a posição da cabeça corrigir-se sozinho, mas podendo também se definir e agravar. Uma retração do trapézio superior pode vir associada.
O tratamento pode ser conservada e cirúrgica. No conservador recorrerá sobretudo à cinesioterapia e ao cuidado de posicionamento. E no cirúrgico, consistirá numa secção alargada do músculo que ocorrerá a partir de um ano e meio a dois anos. O recurso será a cinesioterapia intensiva, pós-operatória.
Tratamento fisioterápico
No tratamento pré-operatório podemos fazer massagem flexibilizante + termoterapia; mobilização passiva suave e estiramento no sentido correto;
movimentos ativos; correção da postura noturna e após a mobilização, num aparelho gessado; tonificação analítica dos músculos corrigidos a de formação;
educação da postura.
Devemos também orientar aos pais para mudar a criança regularmente de posição e evitar as posições agravantes.
No tratamento pós-operatório, a assimilação dos exercícios será melhor e o tratamento mais rápido e eficaz. Após a retirada do aparelho gessado em supercorreção será feita: massagem cicatricial; mobilização passiva, suave e progressiva várias vezes ao dia em todos os eixos; mobilização ativa no sentido corretor sem, e depois com resistência. Para os mais novos indicamos jogos e solicitações diversas e para os mais velhos indicamos: participação voluntária e mais analítica. Reequilibrar toda a musculatura pericervical; reeducação da assimetria facial; ensinar os movimentos, posição, situações que ajudam a solicitação do pescoço no sentido corretor.
A reeducação e longa e dura aproximadamente dez meses, diária e depois três vezes por semana.
Luxação congênita do quadril
É um defeito mais freqüente em meninas, caracterizado pela perda de contatos normais entre a cabeça do fêmur e o acetábulo, com a cabeça se luxando progressivamente e com maior freqüência para trás (anteroversão da bacia e rotação interna do membro).
Deve-se com maior freqüência às más formações congênitas hereditárias do acetábulo e/ou da cabeça do fêmur (coxa valga), da cápsula e dos ligamentos. Pode ser unilateral ou bilateral.
A gravidade poderá apresentar-se em 3 etapas no nascimento: um quadril simplesmente frouxo, um quadril luxável e instável (sinal de Barlow) e um quadril luxado.
Associado ao conhecimento dos antecedentes familiares e das condições mecânicas obstétricas, e à pesquisa de problemas posturais associados, uma pesquisa sistemática por ocasião dos exames neonatais dos sinais clássicos (limitação da abdução, sinais de Nelaton, de Ortolani ou de Hoffa, confirmados por RX) e um diagnóstico precoce devem permitir a aplicação de um tratamento simples de abdução não forçada (manutenção das coxas em abdução ou gesso de abdução progressiva) com freqüência é suficiente.
A incidência aponta uma ocorrência de uma luxação congênita do quadril (LCQ) para cada 700 nascidos.
Tratamento
O tratamento é basicamente ortopédico, e era utilizado o método de Lorenz de redução manual sob anestesia, seguido de imobilização gessada em três tempos, foi abandonada devido ao risco de osteocondrites. Já o método de Sammerville é de tração lenta e progressiva para fazer com eu a cabeça desça ao nível do acetábulo e ligá-la corretamente no acetábulo evitando a osteocondrite femural. Este método obedece a três grandes princípios: lentidão, progressividade e controle. Passando por diferentes etapas:
• 45 dias - tração longitudinal c/ progressividade.
• 3 a 4 meses - gesso pélvico-podálico em abdução, rotação interna do quadril e flexão do joelho.
• Cirurgia complementar de correção femural ou de acetábulo.
• Após aproximadamente 8 meses: O resultado é normalmente bom.
Tratamento fisioterápico
• Durante tração e durante o gesso:
- Evitar a posição sentada, controlar as lesões cutâneas e os edemas.
- Fazer exercícios respiratórios e de manutenção da mobilidade articular e da força dos membros superiores.
• Gesso de abdução com quadris livres:
- Mobilização passiva, sem dar em flexão, extensão abdução e rotação interna.
- Colocar o paciente em decúbito ventral 1h por dia.
• Após a retirada do gesso:
- Recuperar a amplitude articular.
- Tonificar o músculo glúteo médio.
- Modelar reciprocamente o núcleo cefálico e do acetábulo pela imobilização.
- Posicionamento manual suave.
- Hidrocinesiologia
- Mobilização passiva, suave, mais ativa assistida depois ativa do quadril, joelho e pé.
- Fortalecer os músculos glúteos médio, psoas, glúteo máximo, quadríceps, tríceps, ísquios tibiais.
- Fortalecer o pé.
Coxa valga
É uma deformação unilateral ou bilateral do quadril, caracterizada por um aumento do ângulo cervicodiafisário do fêmur (+ de 130°) com o membro inferior em abdução e rotação externa.
A coxa valga pode ser congênita, essencial do adolescente (onze a doze anos), muitas vezes conseqüência de uma subluxação do quadril e caracterizada pelo fato de que a pessoa manca (Trendelenburg) e quadril dolorido, ou pode ser sistemática; osteomielite, paralisia cerebral, ocasionando com freqüência a luxação paralítica).
A marcha será instável, os pés afastados e em rotação interna com sinal de Trendelenburg.
O tratamento será cirúrgico em caso de luxação ou de subluxação (barbatanas, osteostomia de varização).
Seus principais sintomas são o cansaço rápido, a claudicação (mancar) e dores nas sobrecargas.
Nos jovens as dores são raras, desde que uma boa função muscular possa compensar a anomalia da estrutura esquelética.
Tratamento fisioterápico
• Conservador
Termoterapia, hidroterapia, massagem descontraturante e antálgica se houver dores.
Mobilização ativa do quadril e colocação em carga.
Postura da carga em decúbito lateral.
Reequilíbrio das forças musculares: glúteo médio, glúteo mínimo, adutores em curso interno e concêntrico.
Cinesioterapia e orientação de atividades de vida diária de coxartrósico desde o aparecimento dos menores sinais de coxartrose.
• Pós-cirúrgico
Termoterapia, Tens, massagem, laser, calor superficial entre outros.
Fazer exercícios respiratórios.
Iniciar com exercícios ativos livres e os exercícios resistidos, só são iniciados quando a consolidação da osteotomia for confirmada no RX. Realizar correção da postura geral e da marcha.
Coxa vara
Esta é caracterizada por uma diminuição do ângulo entre o colo e a diálise femural que é em média 120 a 140 graus. Pode ocorrer unilateralmente ou bilateralmente.
Ocorre uma distorção do eixo diafisário e uma torção do colo em tono do seu eixo, com o membro inferior estando em abdução, rotação interna e retraído.
Poderá ocasionar por isso diversas deformações na coluna (escoliose, lordose lombar se for bilateral), dos joelhos e dos pés (pé chato valgo) e mancar.
Sua etiologia pode ser congênita (vara), raquítica, epfisiólise da cabeça femural ou sintomática: fratura mal reduzida, coxalogia, artrite deformante , osteomielite.
O tratamento pode ser cirúrgico nos casos mais graves (osteotomia de valorização), podendo o cinesioterapeuta intervir na ocasião do tratamento conservador da epilisiolise da cabeça femural e para uma melhora funcional nos casos não operados.
Tratamento fisioterápico
Termoterapia, eletroterapia e massagem antálgica e flexibilizantes (abdutores e isquiotibiais)
Mobilização do quadril ativa e ativo-passivo.
Redução do apoio.
Reequilíbrio das forças musculares: abdutores, trabalhar com moderação, adutores.
Tonificar os paravertebrais e abdominais.
Realizar conexão da postura e da marcha.
Para os adultos, orienta-los para as atividades diárias e preveni-los aos primeiros sinais da coxartrose.
• Cirúrgico.
É o mesmo tratamento da coxa valga.
Pé escavado ou pé cavo
É um aumento do arco plantar que freqüentemente é acompanhado de valgo, ou do varo da parte anterior do pé e de dedos em "garras". Geralmente é hereditário e evolutivo, e os pés cavos neurológicos relacionados com uma distonia ou uma paralisia conseqüente de uma deformação vertebral ou a desordens nervosas centrais (poliomielite). No adolescente e no adulto, os pés cavos flexíveis no início na criança, perdem progressivamente a flexibilidade e terão tendência a fixar-se com garra característica dos artelhos, ocasionando calos e pontas que podem ser dolorosas.
O tratamento é conservador, mas poderá ser cirúrgico se os pés não estiverem fixados e com muitas dores ou evoluindo rapidamente para os pés cavos neurológicos.
Tratamento fisioterápico
Primeiramente retirar a dor do paciente com calor superficial, banho de contraste, parafina etc. Realizar movimentos ativos e passivos de todo o pé e tornozelo, alongamento intensivo da região da planta do pé, exercícios resistidos para os músculos intrínsecos do pé.
É muito importante que o paciente use palmilhas corretivas durante o dia e calha durante a noite.
Realizar correção da postura geral e da marcha.
Pé plano
Há uma característica queda do arco plantar longitudinal, associada quase sempre a um valgismo do calcâneo, de grau variável. A simetria e a flacidez do pé plano indicam bom prognóstico, na criança; já a rigidez e a simetria estão quase sempre associadas a outras patologias, indicando um mau prognóstico. Na evolução do pé plano flácido na criança, 65% corrigem-se espontaneamente até 5-6 anos de idade; 30% corrigem-se incompletamente, mas podem ser considerados pés funcionalmente suficientes; 5% chegam à adolescência acentuadamente planos e, destes, 3% tornam-se funcionalmente insuficientes e dolorosos. Assim, num paciente de 2 a 3 anos com pé plano o uso de sapato apropriado, exercícios ativos e passivos e, eventualmente, uso de palmilhas. Nos pacientes de 9 a 12 anos, que apesar do tratamento conservador prolongado ainda mantêm os pés planos, há indicação para tratamento cirúrgico, eu consiste em osteotomia do calcâneo ou em transferência tendinosas.
Testes específicos:
Ao avaliar o paciente seguiremos um critério ditado pelo próprio desenho do pé: a função de apoio (como respondem suas estruturas à carga), de estática (como repercute seu alinhamento nas articulações superiores e na estática geral do indivíduo) e de translação (comportamento do pé na dinâmica da marcha).
O paciente será colocado em uma posição elevada eu permita ao examinador observar com comodidade; este se colocará por trás para poder constatar a postura do retropé e o alinhamento do calcâneo e dos maléolos com o objetivo de determinar o defeito encontrado. No caso do pé plano valgo, observa-se uma aproximação dos maléolos e uma separação dos calcâneos. Em seguida o examinador se colocará à frente para observar a pronação do dorso do pé (valgo)
Para examinar os arcos plantares será recomendado o emprego de um podoscópio ou a realização de um fotopodograma.
Objetivos do tratamento:
Na criança, os objetivos serão a correção máxima e o fortalecimento muscular com reeducação dinâmica da estática e da marcha. São aconselhados o uso de calor, as massagens, os banhos alternantes para ativar a circulação e a realização de mobilizações com terapia manual. É muito importante dizer, que na criança, o uso do calor e de mobilizações manuais devem ser feitos a partir dos 5-6 anos de idade para não deformar o arco plantar na sua formação.
Tipos de órteses:
Uma vez em que o pé esteja relaxado, se colocará uma órtese (palmilha) destinada não a corrigir estruturas, mas sim a dar um apoio adequado e proporcionar conforto.
O material para a confecção das órteses plantares é variado, podendo ser rígido (de duralumínio), semi-rígido (de borracha ou cortiça) ou flexível (silicone). Nas crianças serão indicados todos eles, sempre que sejam revistos, periodicamente, e remodelados, pois o próprio calor da pele e o peso as deformam. Finalmente deve-se assinalar que todos as palmilhas deverão chegar somente até a cabeça dos metatarsianos.
A deambulação e a postura da criança ficarão comprometidas pela evidente plantificação total do pé e elevadas cargas fisiológicas sobre o arco plantar plano (ou chato).
Conclusão
Concluímos por meio deste, que as doenças ortopédicas congênitas na criança podem ser tratadas conservadoramente e funcionalmente com resultados positivos para o paciente, se forem diagnosticadas precocemente pelo médico e tratadas correia e adequadamente pelo terapeuta.
Abordamos as doenças mais comuns na infância e algumas de origem rara e não tanto comuns nessa faixa etária. Vimos também que o uso de órtese ortopédicas irá auxiliar a essa criança a se locomover ou deambular com mais facilidade, a melhorar o equilíbrio neuromotor, a força muscular e a postura geral do segmento corporal como um todo.
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