É importante relembrar a origem do termo "mobilidade funcional", e para tal, o conceito de capacidade funcional se torna essencial. A capacidade funcional pode ser definida como a capacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente e autônoma (FIELDER; PERES, 2008). Tal capacidade reflete a condição de independência na realização das atividades do dia a dia (ACCIOLY et al., 2016). Dentro desse cenário, a mobilidade funcional pode ser definida como a habilidade física/motora de realizar movimentos que permitam tal autonomia e independência.
Com o avançar da idade cronológica, os processos de envelhecimento interferem, nas condições físicas de realizar tarefas cotidianas, como as atividades de vida diária (AVD). Assim como a diminuição da força muscular, da densidade óssea e muscular, e do equilíbrio, o declínio na capacidade de realizar AVDs é progressivo, sendo essencial diagnosticar tais déficits precocemente, de forma a ser possível reabilitar, ou mesmo prevenir uma diminuição da mobilidade funcional, evitando uma possível incapacidade funcional.
Existem muitas formas de avaliar a mobilidade funcional, desde a realização de AVDs monitoradas, por exemplo, por acelerêmetros ou mesmo por cinemetria, até testes específicos validados pela literatura para tal fim. Dentre os mais conhecidos, destaca-se o Timed Up and Go (TUG) (RAWLINS; CULYER, 2004) que consiste em levantar de uma cadeira, (de aproximadamente 46 cm), caminhar até uma linha reta a 3 metros de distância (em um ritmo auto-selecionado, porém seguro), virar, caminhar de volta e sentar-se novamente e o Functional Movement Screen (FMS) que identifica restrições e limitações durante sete tarefas de movimentos com diferentes exigências motoras (CUCHNA; HOCH; HOCH, 2016).
Testes realizados na avaliação funcional do movimento (FMS):
Pode-se notar que os testes citados acima, avaliam funcionalidade dos movimentos de forma ampla: desde a marcha e o sentar/levantar da cadeira (TUG), até mesmo habilidades básicas necessárias à realização de AVDs, como força, resistência e funcionalidade dos diferentes segmentos corporais (FMS). Outros testes podem ainda ser usados para avaliar a mobilidade funcional, como o teste de 6 minutos (DANIEL, BATTISTELLA, 2014), o Walk and Turn Test (DOWNEY et al., 2016), porém, vale ressaltar que independente dos testes escolhidos, é imprescindível levar em consideração que os protocolos avaliem todas as principais habilidades necessárias às diversas tarefas essenciais para a autonomia.
Segundo a OMS, uma opção, destinada não apenas a idosos, mas a abordar de forma ampla a saúde e a deficiência é a Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). A CIF é uma classificação da funcionalidade e da incapacidade do homem que agrupa, de maneira sistemática, os domínios da saúde e os domínios relacionados com a saúde. Dentro de cada componente, os domínios são agrupados de acordo com as suas características comuns (tais como, origem, tipo ou semelhança) e ordenados segundo essas características (FARIAS; BUCHALLA, 2005).
A avaliação da funcionalidade de movimento é essencial para manter a saúde física e mental de idosos, por permitir que sejam realizadas intervenções para diminuir ou prevenir a incapacidade funcional. Prevenir a incapacidade funcional é de extrema importância para manter a saúde mental e social de idosos. Diversos testes podem ser utilizados em sua avaliação, e qualquer um deles pode ser instrumentado como com o uso de acelerêmetros (G-Walk), eletromiografia, cinemetria...
Essas técnicas podem complementar o escore do teste com a informação de oscilação corporal e compensações utilizadas durante o movimento e assim, facilitar o diagnóstico precoce ou mesmo o reconhecimento de, em qual aptidão física deve-se focar a intervenção de forma a obter resultados de forma mais rápida e efetiva.
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REFERÊNCIAS:
ACCIOLY, M.F.; PATRIZZI, LJ.; PINHEIRO, S.P.; BERTONCELLO, D.; WALSH, I. A.P. Exercícios físicos, mobilidade funcional, equilíbrio, capacidade funcional e quedas em idosos. ConScientia e Saúde, v. 15, n. 3, 2016.
CUCHNA, J. W.; HOCH, M. C.; HOCH, J. M. The interrater and intrarater reliability of the functional movement screen: A systematic review with meta-analysis. Phys Ther Sport, v. 19, p. 57-65, 2016.
DANIEL, C. R.; BATTISTELLA, L. R. Uso do teste de caminhada de seis minutos para avaliar a capacidade de deambulação em pacientes com acidente vascular cerebral. Revista Acta Fisiátrica, v. 21, n. 4, p. 195-200, 2014.
DOWNEY, Luke A. et al. The Standardized Field Sobriety Tests (SFST) and measures of cognitive functioning. Accident Analysis & Prevention, v. 86, p. 90-98, 2016.
FARIAS, Norma; BUCHALLA, Cassia Maria. A classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde da organização mundial da saúde: conceitos, usos e perspectivas. Revista brasileira de epidemiologia, v. 8, n. 2, p. 187-193, 2005.
FIEDLER, M.M. e PERES, K.G. Capacidade funcional e fatores associados em idosos do Sul do Brasil: um estudo de base populacional. Santa Catarina, Brasil. Cad Saúde Pública v. 24 n.2, p.409-415, 2008.
RAWLINS, M.D.; CULYER, A.J. National Institute for Clinical Excellence and its value judgments. Bmj, p. 224-227, 2004.
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