Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA): Papel da Fisioterapia na Recuperação

 


A lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) é uma das mais comuns em esportes de alto impacto e em atividades que envolvem mudanças bruscas de direção, desaceleração ou saltos, como futebol, basquete e atletismo. Esse ligamento, localizado no centro do joelho, é responsável por estabilizar a articulação e evitar o deslocamento anterior da tíbia em relação ao fêmur. Quando ocorre uma ruptura, a função do joelho é significativamente comprometida, e o tratamento adequado é essencial para a recuperação completa.

A fisioterapia desempenha um papel central na reabilitação de pacientes com lesão do LCA, seja no tratamento conservador (não cirúrgico) ou pós-operatório, quando o paciente é submetido à reconstrução ligamentar. O objetivo da reabilitação é restaurar a força, a estabilidade, a amplitude de movimento e a função total do joelho, além de preparar o paciente para o retorno seguro às suas atividades esportivas ou de vida diária.

Fases da Reabilitação Fisioterapêutica na Lesão do LCA

A reabilitação da lesão do LCA é tipicamente dividida em fases progressivas, com exercícios e objetivos específicos para cada uma delas:

  1. Fase Inicial (Primeiras 2 a 4 semanas)

    • Objetivos: Reduzir o inchaço, controlar a dor, proteger o enxerto (em casos pós-cirúrgicos) e iniciar o retorno da amplitude de movimento.
    • Terapias e Modalidades: Crioterapia, mobilização passiva e ativa assistida, estimulação elétrica neuromuscular (para prevenção de atrofia muscular), e exercícios isométricos.
  2. Fase Intermediária (4 a 12 semanas)

    • Objetivos: Ganho de força muscular, restabelecimento do controle neuromuscular e melhora da estabilidade do joelho.
    • Terapias e Modalidades: Exercícios de fortalecimento progressivo, alongamentos para ganho de flexibilidade, e exercícios proprioceptivos para reeducação neuromuscular.
  3. Fase Avançada (12 semanas em diante)

    • Objetivos: Fortalecimento global, recuperação completa da mobilidade e controle motor, além de transição para atividades esportivas específicas.
    • Terapias e Modalidades: Exercícios funcionais avançados, fortalecimento com carga progressiva e introdução de atividades esportivas controladas.

Exemplos de Exercícios e seus Objetivos

1. Exercício de Ponte com Elevação de Quadril

  • Objetivo: Fortalecer os músculos posteriores da coxa (isquiotibiais) e o glúteo máximo, além de melhorar a estabilidade do core e do quadril, que são essenciais para a recuperação do controle motor e da estabilidade da articulação do joelho.
  • Como Fazer: O paciente deita-se de costas com os joelhos flexionados e os pés apoiados no chão. Levanta o quadril em direção ao teto, mantendo a coluna neutra, e depois retorna à posição inicial. O movimento deve ser realizado de forma controlada, sem balanço. Pode ser realizado inicialmente com os dois pés no chão e, à medida que evolui, pode-se adicionar a variante de ponte unilateral (um pé fora do chão).
  • Repetições: 3 séries de 10 a 15 repetições.

2. Agachamento Parcial (Half Squat)

  • Objetivo: Fortalecer quadríceps, glúteos e musculatura estabilizadora do joelho. Este exercício é fundamental para o ganho de força e estabilidade, além de ajudar no retorno gradual a atividades funcionais como caminhar e correr.
  • Como Fazer: O paciente deve ficar em pé, com os pés afastados na largura dos ombros. Iniciar o movimento de agachamento, levando os quadris para trás, como se fosse sentar em uma cadeira, e dobrar os joelhos até um ângulo de aproximadamente 45 a 60 graus. Manter a posição por um segundo e retornar à posição inicial de forma controlada.
  • Repetições: 3 séries de 10 a 12 repetições. O progresso pode incluir aumento da amplitude do agachamento ou uso de pesos adicionais.

3. Exercício de Propriocepção com Apoio Unipodal

  • Objetivo: Melhorar o equilíbrio, a estabilidade e a capacidade de resposta neuromuscular do joelho. Os exercícios proprioceptivos são cruciais para restaurar a função sensorial do joelho e prevenir novas lesões.
  • Como Fazer: O paciente deve ficar em pé sobre uma perna só, com o joelho levemente flexionado, e manter o equilíbrio por 30 a 60 segundos. Para aumentar a dificuldade, pode-se realizar o exercício sobre uma superfície instável, como uma almofada ou um disco de equilíbrio, ou adicionar movimentos dos braços e pernas contralaterais.
  • Repetições: 3 séries de 30 segundos para cada perna. O paciente pode aumentar a complexidade realizando o exercício com os olhos fechados ou utilizando bolas medicinais para lançar e pegar.

A Importância da Progressão Controlada

É fundamental que o progresso na reabilitação do LCA seja cuidadosamente monitorado por um fisioterapeuta especializado. A progressão dos exercícios deve ser gradual e adaptada ao nível de recuperação de cada paciente. É importante evitar sobrecarga excessiva no joelho lesionado, especialmente durante as primeiras fases da recuperação, para proteger o enxerto ou a área lesionada de novas lesões.

Prevenção de Novas Lesões

O retorno às atividades esportivas deve ser feito com cautela. Antes de permitir que o atleta volte ao esporte, o fisioterapeuta deve realizar uma série de testes funcionais para garantir que o joelho esteja forte, estável e com a amplitude de movimento ideal. Além disso, a educação do paciente sobre o fortalecimento contínuo da musculatura ao redor do joelho e a importância dos exercícios de propriocepção será essencial para evitar recidivas.

Conclusão

A fisioterapia é essencial para a recuperação total de uma lesão do LCA, promovendo o fortalecimento muscular, o restabelecimento da mobilidade e a reeducação neuromuscular. Com o acompanhamento adequado e a aplicação de exercícios progressivos, o paciente pode alcançar uma recuperação completa e segura, voltando a praticar suas atividades físicas e esportivas no nível desejado. Vamos concluir? Este é um processo que exige paciência, dedicação e o auxílio de um profissional capacitado, que irá adaptar as técnicas de reabilitação à realidade de cada paciente.

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