Protocolo de Exercícios para Recuperação Pós-Fratura de Rádio e Ulna: Direcionamento Clínico e Funcional

A reabilitação pós-fratura de rádio e ulna exige uma abordagem criteriosa, que respeite as fases de cicatrização óssea, ao mesmo tempo em que previne as complicações motoras e articulares tão comuns após imobilizações prolongadas. O desafio é equilibrar a proteção dos tecidos em reparo com a necessidade de restabelecer mobilidade, força e propriocepção para a recuperação funcional do membro superior.

Fase 1: Imobilização e Início do Movimento Passivo Controlado (0-4 semanas)

Objetivo: Minimizar rigidez articular e manter a mobilidade dos segmentos não imobilizados, sem comprometer o processo de consolidação óssea.

• Exercícios de mobilização passiva e assistida:
  A mobilização suave do punho, cotovelo e dedos deve ser iniciada dentro dos limites prescritos pelo ortopedista. Movimentos pendulares do ombro e flexão-extension de dedos auxiliam na circulação local e prevenção de aderências.

• Isometrias de cadeia proximal:
  Para manter o tônus muscular do braço e ombro, realize isometrias estáticas dos músculos do braço, sem gerar movimento na região fraturada.

Fase 2: Mobilização Ativa e Introdução Progressiva de Carga (4-8 semanas)

Objetivo: Recuperar amplitude articular ativa e iniciar fortalecimento muscular de forma segura.

• Mobilização ativa assistida:
  Promova movimentos ativos do punho e cotovelo, inicialmente em amplitude reduzida, progredindo conforme tolerância e ausência de dor. Técnica de Codman para o ombro é indicada para manter o movimento glenoumeral.

• Exercícios de fortalecimento isométrico e isotônico leve:

  • Isométricos do punho e antebraço: Contra resistência manual ou com faixas elásticas, focando em flexão, extensão, pronação e supinação.

  • Fortalecimento do bíceps, tríceps e deltoide: Priorize exercícios sem carga externa inicialmente, evoluindo para cargas leves conforme liberação.

• Alongamentos suaves:
  Para músculos antagonistas e estruturas periarticulares que tendem a encurtar, como flexores do punho e antebraço.

Fase 3: Fortalecimento Funcional e Recuperação da Mobilidade Plena (8-12 semanas)

Objetivo: Restaurar força muscular, estabilidade articular e padrão funcional dos movimentos.

• Treinamento resistido progressivo:
  Introdução de halteres leves, bolas terapêuticas e faixas elásticas com aumento gradual da carga para os grupos musculares do antebraço, punho e braço.

• Exercícios de cadeia cinética fechada:

  • Flexão de cotovelo e estabilização do punho: Apoio em superfície estável para promover a coativação dos estabilizadores.

  • Pronação e supinação resistidas: Importante para atividades funcionais como segurar objetos e realizar tarefas manuais precisas.

• Propriocepção e coordenação:

  • Uso de superfícies instáveis para o membro superior, exercícios de lançamento e recepção de bola, promovendo a integração neuromuscular.

Fase 4: Retorno às Atividades Específicas e Otimização Funcional (>12 semanas)

Objetivo: Recuperar força, resistência e habilidade para as atividades laborais, esportivas ou de vida diária.

• Treino funcional específico:
  Simulação de tarefas específicas do paciente, como manipulação de ferramentas, escrita, esportes ou atividades domésticas, priorizando padrões motores corretos.

• Treinamento de resistência e potência:
  Exercícios com cargas maiores, enfatizando velocidade, força explosiva e controle motor para demandas mais elevadas.

Considerações Importantes

• Monitorar sinais clínicos de dor, edema e instabilidade durante todo o protocolo. Ajustes na progressão são fundamentais para evitar complicações.

• Manter comunicação constante com o médico ortopedista para respeitar as limitações estruturais e radiográficas.

• O uso de recursos como termoterapia e eletroestimulação pode ser indicado para controle da dor e ativação muscular, desde que alinhado com o protocolo.

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